Ipumirim vive momento comemorativo

Ipumirim reviveu nesta semana, parte da história de criação do município e de seus colonizadores. A comunidade Católica comemorou na quarta-feira dia 19 de junho, os 75 anos da Paróquia Sagrada Família. Um fato marcante que trouxe memórias à muitas pessoas, que nasceram junto com a construção da paróquia e também daqueles que fizeram ou ainda fazem parte das lideranças.

Os católicos celebram a data com o ano Jubilar, retomando a história do Antigo Testamento Bíblico. Para o catolicismo, o Jubileu é um tempo de graça, onde é celebrada a beleza da criação e o cuidado com a casa comum. A visão do tempo Jubilar está escrito na Bíblia, no livro de Levíticos (Antigo Testamento). Consta ali que o ano Jubilar ocorria a cada sete anos. Era iniciado com o toque da trombeta que anunciava a libertação dos escravos e a devolução das terras ao criador. Dessa maneira, o povo demonstrava o respeito ao ciclo da natureza e a Deus, como criador da vida recuperando a teologia da criação e reconhecendo-o como proprietário da terra, que a ofereceu ao seu povo de forma igualitária para todos poderem cuidar, semear, plantar e comer os frutos que a mãe terra oferece.

O lema escolhido para a comemoração do aniversário da Paróquia, também está no mesmo livro que transcreve o ano sabático. “O jubileu será um tempo sagrado e vocês comerão o que o campo produzir”. (Levíticos 25:12).

Padre Luciano Gattermann, Pároco da Paróquia Sagrada Família de Ipumirim, explica que a escolha do lema comemorativo ao aniversário é um encontro da tradição do Jubileu com alguns acontecimentos atuais, provocando uma reflexão sobre nossas ações. “A escolha desse lema leva em consideração a vulnerabilidade da casa comum, do planeta terra e os sinais que estamos observando e sentindo. Estamos vivenciando os acontecimentos no Rio Grande do Sul, onde a natureza está dando seus sinais e precisamos crescer no cuidado e na preservação. No entanto, essa frase homenageia também quem lida com a roça, cuida da terra, acredita, planta e colhe”.

A celebração comemorativa foi realizada na quarta-feira, dia 19, data que a Paróquia completou os 75 anos. O evento envolveu lideranças de todas as comunidades que abrange a Paróquia. Um momento de grande emoção, que lotou a igreja para o ato de ação de graças e encerrou com uma partilha de alimentos, concretizando o propósito de repartir o alimento produzido pela terra, ofertado por Deus.

História da Paróquia

A história da Paróquia Sagrada Família, nos leva aos primórdios da história de Ipumirim. No ano de 1928, teve início um pequeno vilarejo, com o nome de Harmonia, hoje, Ipumirim. As famílias foram chegando e entre tanto a se fazer, uma das prioridades seria construir uma capela central, para os fiéis rezarem o terço em família aos finais de semana. Até a construção, as rezas eram feitas embaixo de árvores. Ainda antes da construção da igreja, aconteceu a primeira missa, que foi rezada por frei Justino Guirardi, no dia da Sagrada Família, aos 11 de janeiro de 1931, num barracão do Sr. José Bogoni, primeiro morador de Ipumirim. Daí a escolha da Sagrada Família como padroeira da Paróquia. Com o tempo, a vila ganhou uma pequena igreja e de tempos em tempos, fiéis vinham para celebrar. O primeiro bispo a visitar a localidade foi Dom Daniel Hostin, de Lages. Nesta ocasião ele crismou cerca de 400 pessoas. Merece destaque também a devoção à Nossa Senhora da Salette, que iniciou em 1956 e teve maior ênfase a partir do ano de 1974 com as Romarias.

A contribuição de Ipumirim para a vida sacerdotal

A primeira igreja foi construída no centro da cidade, onde atualmente é o colégio estadual. Em 11 de fevereiro de 1951, foi dada a Ordem de construção da nova igreja, atual Matriz, que ficou pronta em 1959, após 8 anos. Ao longo dessa trajetória, apenas sete padres foram nomeados para conduzir a Paróquia Sagrada Família. A mais recente nomeação é do padre Luciano Gattermann, feita no final de 2023. Por outro lado, o município traz uma grande contribuição com a história vocacional na ordenação de religiosos: foram dez padres e quatro irmãs religiosas que tem suas famílias em Ipumirim e seguem a vida religiosa.

A trajetória dos padres na Paróquia

Dos padres que conduzem a Paróquia Católica de Ipumirim, o primeiro pároco nomeado após a fundação, foi o Pe. Amélio Caovilla, que ficou no cargo por 23 anos. Em seguida o Padre Geli Griza que veio para Ipumirim com 4 anos de idade e, segundo relatos, com apenas 8 anos de idade Geli ajudava o Padre Amélio e demonstrava grande interesse pela vocação. Após a formação teológica, ficou em Ipumirim por um período e logo foi transferido para outra Paróquia. Padre Florindo Canton, a seguir, coordenou a Paróquia. Alguns anos depois, Geli retornou para Ipumirim como pároco, e nos últimos anos, na missão de vigário, teve como apoio o padre Vanderlei Festner, padre Cristiano Menegat e depois padre Airton Pedro Maltauro.
Em 4 de janeiro de 2017, um acidente de carro vitimou o padre Geli, que por quase 40 anos conduziu o povo católico de Ipumirim. Padre Airton Maltauro deu continuidade aos trabalhos, onde atuou por cerca de dez anos. Nesse ano, Luciano Gattermann, assumiu a condução da Paróquia e de imediato, a responsabilidade de organizar esse grande momento celebrativo que é o aniversário de 75 anos.

Por: Juliane Rell/OJ