

Publicado em: 26/05/2025 13:19
Do rádio amador à máquina de escrever, até peças que marcaram o período da 2ª guerra, concordiense mantém museu pessoal na propriedade que pertence à
As relíquias vão desde peças até veículos antigos, uma coleção com mais de 500 itens, alguns com mais de um século e meio de história. Na comunidade de Linha Gaio, no interior de Concórdia, reside Leoni Gaio, agricultor e autodidata conhecido por suas invenções e pela preservação de relíquias mecânicas e históricas. Filho de agricultores e com escolaridade formal limitada à 4ª série do ensino fundamental, Leoni trilhou um caminho marcado pela criatividade e engenhosidade, apesar das dificuldades enfrentadas na infância.
Aos 70 anos, Leoni permanece na comunidade rural onde cinco gerações de sua família se estabeleceram. Ainda jovem, ao deixar os estudos e sem saber a ler, passou a se dedicar integralmente à lida no campo. Foi nesse contexto que começou a modificar e construir equipamentos agrícolas, criando jericos e pequenas máquinas para facilitar as tarefas diárias. Aos 12 anos de idade, construiu uma serra elétrica para madeira que permanece em funcionamento até hoje.
A aptidão por desmontar e reconstruir objetos, observada desde cedo por seus familiares, levou Leoni a iniciar uma coleção de peças e ferramentas antigas. Entre suas invenções mais marcantes está um fogareiro para aquecer o ferro de passar roupa utilizado por sua mãe, produzido quando tinha apenas 15 anos.
Aos 20 anos, sua atenção voltou-se para veículos. Desde então, reformou e adaptou diversos automóveis, acumulando hoje uma coleção que inclui cinco tratores e dez fuscas. Sua garagem, ampliada para acomodar as relíquias, abriga ainda um Jeep Cherokee reformado, que funcionava a gasolina, mas Leoni transformou a diesel com motor de trator, equipado com câmera de ré e rádio, além de contar com um trator do mesmo ano, restaurado por completo. Entre os objetos de maior valor histórico está uma máquina de costura de sapateiro, com mais de 160 anos, adquirida da família Suzin, no Distrito de Planalto.
Outras peças de destaque incluem uma bigorna para forjar ferro, de 1924, comprada de um ferreiro em São José/SC, além de um torno de peças, com 140 anos, diversas marcas de furadeiras, e equipamentos de marcenaria que sustentam sua produção até os dias atuais. Leoni também já construiu carroças e charretes, além de um jipe a partir da estrutura de um fusca de 1960 com placa original.
Durante a pandemia, após contrair Covid-19, interrompeu temporariamente suas atividades de criação. Neste período, construiu uma pousada em meio à vegetação de sua propriedade, próxima ao rio que corta a comunidade. Afastado de seus projetos por razões de saúde, Leoni retomou as invenções assim que se recuperou, chegando a vender e depois recomprar um Fordeco de 1929 para finalizá-lo adequadamente.
Pai de quatro filhos, sendo um já falecido, Leoni deposita nos netos a esperança de continuidade de sua paixão pelas invenções. Com um acervo que ultrapassa 500 peças históricas e uma vida inteira dedicada à criatividade e ao trabalho manual, ele mantém viva uma trajetória marcada por engenhosidade e preservação da memória de seus antepassados na comunidade de Linha Gaio.
Por Rosilene Fochesatto/OJ
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