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Salame Colonial Talian em destaque

Fabricado por agricultores descendentes de italianos, pode ser o primeiro produto brasileiro reconhecido como salame

Salame Colonial Talian em destaque

Tornar o salame colonial do Oeste Catarinense, o primeiro salame brasileiro registrado, é o objetivo de um projeto que iniciou há três anos, mas que vem sendo elaborado desde 2015, com o apoio do engenheiro agrônomo de Ipumirim, Gilmar Antônio da Rosa. Contudo, o propósito de defender produtos alimentares coloniais no município, não é exclusividade do agrônomo. A ipumirinense, Nedi Terezinha Locatelli, italiana, mestre da cultura popular e atualmente conselheira do Conselho Estadual de Cultura de Santa Catarina, também é grande incentivadora dos produtos coloniais como forma de manter viva as tradições e conhecimentos dos antepassados.

O projeto Salame Colonial Talian teve incentivo financeiro em duas etapas – diagnóstico e documentário - através do Edital Elizabete Anderle. A primeira parte foi uma pesquisa que tinha como intuito identificar se o salame atenderia os requisitos exigidos pela legislação. Foram dezenas de entrevistas e o resultado mostrou que além de atender as exigências, trouxe outros diferenciais como a qualidade da carne suína produzida na região e exportada para mais de 170 países. Desse resultado, passou-se para a segunda fase do projeto: Elaborar um documentário mostrando a relevância desse alimento para a região, através da cultura e do saber fazer dos salameiros agricultores, geralmente de idade mais avançada.

O documentário foi gravado em Ipumirim, Seara, Concórdia, Chapecó e Nova Erechim e mostrou o passo a passo da fabricação do salame, e ainda receitas típicas da cultura alimentar italiana com salame. O produto colonial traz muito mais do que a cultura vinda do Norte da Itália, reforça a lembrança das famílias reunidas para processar a carne suína, fazer salame, e também a lembrança dos avós.

Agora, em 2024, a torcida é pelo reconhecimento do salame colonial talian como Patrimônio Cultural Imaterial de Santa Catarina, processo já encaminhado pela Feibemo, e, com isso, buscar IG - Indicação Geográfica, conquistando o status de primeiro salame brasileiro.

Gilmar da Rosa explica que no Brasil o salame é comercializado como linguiça e que o mercado não possui nenhum salame especificamente brasileiro. “Encontramos o salame tipo italiano, friulês, e muitos outros. Mas nenhum deles é reconhecido como salame brasileiro”.

Nedi Locatelli argumenta que a proposta é fortalecer e enraizar a história dos descendentes de italianos. “Nosso patrimônio cultural imaterial é história e pode significar renda. A cultura Talian é a nossa identidade no Brasil, origem italiana e cidadania brasileira”.


Por Juliane Rell/OJ

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